Decorreu no dia 13 de julho na Assembleia da República, o debate sobre o Estado da Nação, relativo à 3ª sessão legislativa da XIII Legislatura. Uma reunião que se iniciou com a intervenção do Primeiro Ministro, sujeito a perguntas dos grupos parlamentares, seguindo-se o debate generalizado, que é posteriormente encerrado pelo Governo.
Neste âmbito, a Rádio TSF desenvolveu no seu Fórum diário, na véspera do debate na Assembleia, o mesmo tema, dando voz a diversos intervenientes, que manifestaram a sua opinião sobre o estado atual de Portugal.
Entre diversas questões colocadas, que deixaram os ouvintes a refletir, abordou-se um tema central e estrutural que em Portugal está longe de ser solucionado, a desigualdade latente entre a faixa interior e a faixa litoral, do território nacional.
Firmino Cordeiro, Diretor Geral da AJAP, interveniente no programa da Rádio TSF, expressou a sua opinião, deixando claro que esta é uma área à qual é necessário dar prioridade e é urgente colmatar:
“A melhor forma de desenvolver o litoral é investirmos no interior. É preocupante olharmos para o desenvolvimento do país e apercebermo-nos ainda mais das assimetrias que existem entre estas duas realidades. Colmatar, diminuir e ir eliminando progressivamente estas disparidades, tornaria o país muito mais desenvolvido. Desagregar aquilo que se torna pesado e complexo na faixa litoral e nas grandes cidades, para podermos desenvolver cidades e vilas no interior… atrair mais empresas, (que por exemplo nas zonas industriais nas grandes cidades, estão sobrelotadas e com custos bastante elevados), que podiam perfeitamente, algumas delas, conviver no interior. Os sucessivos governos, em algumas medidas que tomam, tentam passar a imagem de que estão a fazer algo por esta problemática. Recordo a Unidade de Missão para a Valorização do Interior, que este mesmo governo lançou e, sobre isso, cerca de 160 medidas numa fase inicial, mas, a verdade é que pouco ou nada desse trabalho está em prática.
Foi preciso uma calamidade nacional com a dimensão do que aconteceu em 2017, para o interior voltar ao de cima e trazer à memória o que lá deveria existir e não existe, nomeadamente agricultura e organização florestal. Todo o trabalho de melhoria do interior é importante para a qualidade do país e para a qualidade de vida dos portugueses… Se nós estamos a melhorar no geral em relação a condições de vida, as preocupações no sentido que temos vindo a abordar, fazem todo o sentido. Investimentos na água, no regadio, numa agricultura com características diferentes, poderiam ser apostas benéficas para Portugal.
Acredito que os dois partidos centrais, deveriam entrar num acórdão, de forma a assumirem conjuntamente um leque de compromissos sérios, a levar o país para a frente, a desenvolver o interior nacional. Com isso, seríamos um grande exemplo para a Europa, que sofre com o mesmo problema, uma vez que as faixas litorais se sobrepõem a todo o interior desertificado.
Sou oriundo de uma dessas regiões do interior, e vejo ano após ano o atraso e o decréscimo da qualidade de vida, o abandono dos jovens que sem qualquer motivação, acabam por ir embora. Os autarcas fazem o seu trabalho, mas não têm feito o que considero fundamental, que é atrair gente para os seus concelhos!”