Casos de Sucesso

Miguel Barros Cartageno

miguel cartagenoO início da actividade na agricultura deu-se muito cedo, uma vez que os pais sempre tiveram contacto com a viticultura. Por este facto desenvolveu uma empatia com a cultura da vinha de tal maneira forte, que em 1996 o levou a frequentar o curso de Jovens Agricultores promovido pela AJAP, com o objectivo de se instalar como Jovem Empresário Agrícola.

Em 1999 elaborou um projecto de investimento, onde constava o arrendamento da exploração (vinha e olival) do pai, feitura de um depósito de água (20 000 l), aquisição de um prédio rústico (3 ha), aquisição de máquinas agrícolas (tractor), alfaias e construção de casa de habitação do jovem agricultor. Após a data de aprovação do projecto foi deitar mãos à obra e começar a realizar o investimento a que se tinha proposto, coisa que às vezes não acontece.

Após a construção do depósito de água, com capacidade para 20 000 l, o próprio agricultor montou uma rede de distribuição, conseguindo deste modo levar a água a todos os pontos da exploração, permitindo-lhe a melhoria da eficácia na realização dos tratamentos fitossanitários, diminuindo os tempos mortos, oriundos do enchimento do pulverizador.

A aquisição de máquinas e alfaias permitiu a realização mecânica da maior parte dos amanhos culturais, inerente à cultura da vinha, aumentando desta forma a rentabilidade da exploração. No prédio rústico adquirido, procedeu-se à instalação de vinha, com o objectivo de aumentar a capacidade de produção.

Durante a execução do projecto, Miguel Barros Cartageno procurou sempre estar a par do que o rodeava, tendo para isso visitado inúmeras explorações durienses e frequentado acções de formação na área da viticultura. A sua produção vai na sua totalidade para uma empresa exportadora, a qual ajuda na monitorização da exploração ao longo de todo o ano. Desde 1999 que está sob a alçada da protecção integrada passando em 2002 para um patamar superior, a produção integrada. Actualmente, a área em produção é de 25 ha, tendo ainda 3 ha em fase de enxertia (2 – 3 anos). No que respeita à mão-de-obra, necessita apenas de ter ao longo do ano de forma permanente duas pessoas.

A sua exploração é frequentemente visitada em acções de formação, como sendo um exemplo do que deve ser um projecto sério, e acima de tudo um projecto sustentado na confiança de que, só depois do trabalho é que poderá vir o sucesso. “ É nisto que eu acredito, é isto que eu transmito”.

Joana Mota de Castro

joanaJoana Mota de Castro concluiu a licenciatura em Engenharia das Ciências Agrárias em 1999 na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. De seguida trabalhou durante um ano na CVRVV (Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes). Paralelo a estas actividades acompanhava os trabalhos na quinta de seu pai – Quinta de Lourosa, com 10 ha de vinha em produção.

No ano 2001, fez um projecto Agro medida 1 para plantação de mais 21 ha de vinha, em terrenos adquiridos e arrendados, com instalação de adega e aquisição de máquinas vitícolas, um investimento que ronda os 750.000€.

Ao longo do tempo sentia cada vez mais que era essencial a componente de marketing, concluindo em 2001 uma Pós-Graduação em “Marketing de Vinhos” na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto. Ainda em 2001 começou o mestrado em “Viticultura e Enologia”, no Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa, que se encontra em conclusão. Segundo a opinião de Joana “qualquer jovem agricultor deverá manter uma constante formação pois o mundo agrícola é bastante fechado e redutor”.

Actualmente gere todo o trabalho da quinta na parte vitícola, enológica, comercialização e turismo. Da produção actual parte é vendida em uvas à adega cooperativa local e armazenistas da região de modo a pagar os custos fixos inerentes à produção. Da parte vinificada na própria adega só é engarrafado o vinho de excelente qualidade sendo o restante vendido a armazenistas da região.

O objectivo da produção é a diversificação dos produtos. Como tal, são produzidos vinhos nesta quinta desde o famoso monocasta “Pedernã Quinta de Lourosa”, vinificado a partir de uma só casta típica da região com excelentes resultados quer em termos de produtividade, quer em termos de sanidade, quer em termos de grau álcool que se consegue atingir. Nas novas vinhas investiu em castas tintas “inovadoras na região e trazem uma mais valia para os vinhos tintos da quinta”, tais como: Vinhão, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Syrah, Jaen, Merlot; Alfrocheiro, entre outras. “Estas castas conseguem produzir vinhos mais macios, menos ácidos, com maior grau álcool, mais ao gosto do consumidor. Para conseguir este vinho é necessário controlar a produção nas vinhas desde os sistemas de condução, o tipo de poda, intervenções em verde nas alturas certas e tratamentos racionais, praticando o sistema de Produção Integrada.” Na perspectiva da inovação, em 2001, produziu o primeiro espumante tinto e em 2003, pelo Natal, foi lançado o primeiro espumante branco “estando ambos a par dos melhores espumantes”.

A nível da adega, “o objectivo é não estragar as excelentes uvas que lá entram”. Para que tal não aconteça “é necessário ter o controlo das temperaturas durante as fermentações, tanto nos brancos como nos tintos. A opção do número de remontagens, macerações mais ou menos longas e o envelhecimento em madeira, dependerá do tipo de vinho que se pretende.” A realização dos diferentes tipos de vinho depende não só do interesse do consumidor, das constatações com os distribuidores, mas também da matéria prima que consegue em cada ano “porque a natureza é o que é, sendo difícil repetir o mesmo vinho todos os anos.”

Num futuro muito próximo, será produzido vinho para exportação, essencialmente para a Alemanha, Brasil e Estados Unidos.

O investimento do projecto está na fase final, sentindo que “agora é que está a iniciar-se o verdadeiro projecto.” “ É muito motivante começar a ver os primeiros resultados e sentir que é um projecto ganho.”

Para Joana uma das prioridades do sector vitícola “é torna-lo mais turístico e aprazível, o vinho tem de ser encarado como alegria, satisfação.”

O grande senão deste projecto é a falta de tempo para convívio com os amigos e familiares.

Apesar dos poucos anos de projecto, ele já começou a dar os seus frutos tendo sido premiada com medalha de prata no concurso da melhor vinha pela CVRVV em Novembro de 2003.

“Este projecto é considerado um verdadeiro trabalho de equipa deixando um agradecimento às entidades empenhadas: IFADAP, CVRVV, IVV, DRAEDM.”

José Joaquim Silva Santos

santos maiaAtraído pelos fundos estruturais, Santos Maia trocou o sector comercial e imobiliário pelo floricultura. Os cursos de formação na área da gestão de empresas ajudaram-no a montar o negócio.

A Lusoflor arrancou em 1994, tinha Santos Maia 24 anos, depois de avultados investimentos em climatização e na instalação de um sistema de controlo de produção totalmente informatizado. Os processos burocráticos atrasaram o início da produção quase dois anos.

Depois de um período de adaptação em que fez experiências com várias flores, Santos Maia optou por se dedicar por inteiro à comercialização de rosas. Adquiriu os primeiros conhecimentos e rosas na Holanda e especializou-se. De momento, produz 15 ou 16 variedades, mas tenciona reduzir este número uma vez que a sua aposta é na quantidade e qualidade das espécies com melhor aproveitamento.

Com um investimento de um milhão de euros, sendo cerca de 300000€ de apoios do IFADAP, a Lusoflor está hoje vocacionada para a produção de rosas principalmente no Inverno com um sofisticado equipamento, que inclui estufas com revestimento a policarbonato que permite um maior isolamento térmico, reforçado com mantas térmicas, equipamento de CO2, aquecimento por tubos de água quente que permite uma distribuição uniforme por toda a área, sistema foger para controlar a humidificação, ventilação, maquina de fertilização, iluminação artificial com lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, tudo isto gerido por uma estação de clima que faz o controlo ambiental destes equipamentos para que estas rosas produzidas em hídroponia tenham a melhor qualidade no mercado.

A Lusoflor conta com  vinte  funcionários permanentes entre a produção e a comercialização, que é feita no Norte de Portugal. Toda a produção é absorvida pelo mercado nacional e a comercialização de rosas atinge o seu ponto mais alto durante o São Valentim onde o preço pode ascender a um euro a unidade.

Miguel Ferreira

miguel ferreiraEm 1998, com 20 anos, assumi o comando da exploração agrícola da minha mãe.

Na sua herdade com 455ha apenas explorávamos os 100ha de regadio nela existentes, os restantes 355ha da área forrageira eram arrendados a uma terceira pessoa que os explorava com gado bovino.

Nos 100ha por nós explorados, 50ha eram de milho regado por gravidade, 6ha de tomate para indústria, feito de maneira tradicional (rega por gravidade e apanha manual).

Os restantes 44ha eram ocupados em girassol.

Em 2002 os mesmos 100ha eram ocupados por 75ha de milho, 10 de beterraba sacarina, ambas as culturas regadas por aspersão e 15ha de tomate para indústria totalmente mecanizados (rega gota-a-gota e apanha mecânica).

O incremento da rega por aspersão no caso do milho e da beterraba, da rega gota-a-gota no tomate trouxeram um grande aumento de produtividade, resultado de investimentos  em equipamentos de rega (pivots e equipamentos de filtragem e distribuição de água para rega gota-a-gota), e de uma renovação total de parque de máquinas.

Só em 2001, e devido ao atraso verificado na recepção de projectos pelo IFADAP, consequência da passagem do II para o III quadro comunitário de apoio é que dei entrada do meu projecto de instalação de jovem agricultor.

Este projecto teve duas vertentes, uma pecuária e outra agrícola.
Desde então passei a ser eu o rendeiro dos 355ha da exploração da minha mãe que até então estavam arrendados a outro agricultor.
Nesta área coberta predominantemente por montado de azinho, instalei uma vacada composta por animais de raça mirandesa e 20 porcas reprodutoras de raça Alentejana em sistema de camping.
Destas 20 porcas obtenho animais suficientes para o aproveitamento das bolotas provenientes das azinheiras existentes.
Em relação à vertente agrícola, arrendei uma pequena propriedade com cerca de 25ha de regadio na qual instalei um sistema de rega por aspersão e onde tenho vindo a fazer milho.
Em 2003 com explorações que arrendei à campanha e em conjunto com a minha mãe sobre minha administração temos cerca de 200ha de milho, 10 de beterraba, 100 de trigo rijo, 100 vacas e 20 porcas reprodutoras.
Tenciono, ainda, em 2003 vir a montar uma outra exploração numa herdade que arrendei, onde vou instalar uma vacada composta por 200 vacas de raça Alentejana.

Para conseguir efectuar todo este percurso não posso deixar de agradecer a todos aqueles que comigo trabalham e ao IFADAP, que apesar de todos os problemas de que frequentemente o acusamos, sem ele dificilmente teria conseguido em tão pouco tempo um montante de investimento tão elevado.

Carlos Torres Maia

torres maiaComeçou por fazer um curso tecnico-profissional agrícola, na área agro-pecuária – 12 ºano, terminado em 1987.

Fez também cursos de actualização e novas técnicas nas áreas de gestão e contabilidade, informática, inseminação artificial, qualidade do leite, tratamento de cascos, arraçoamento de alimentos, etc.

No ano seguinte, após se candidatar a fundos comunitários, Torres Maia investiu em equipamentos de ordenha, comprou 30 vacas e expandiu a área da exploração de 14 para 21 ha, comprando e desbravando áreas de floresta.
Hoje com áreas alugadas, completa 27 ha de terras cultivadas na sua totalidade com culturas forrageiras para a alimentação dos animais (milho silagem e ferrás).

Em 1989 assumiu por inteiro a exploração da Casa das Póvoas e passou em 13 anos dos 300.000 litros para 1.400.000 litros de leite produzidos por ano e entregues à AGROS.
As médias actuais de produção são de 9000 litros de leite/vaca/305 dias, ou seja, uma média de cerca de 30 litros de leite de vaca/dia.
A produção diária com cerca de 145 animais em produção é de cerca de 4400 litros.

Além dos animais em produção existem mais 150 animais (30 em período de secagem e 120 em crescimento para recria).

Agora com 35 anos a facturação desta empresa hoje denominada Soc. Agrícola Casa das Póvoas, Lda., onde são sócios-gerentes o Torres Maia e a esposa, é de cerca de 500.000 euros e o seu património deverá rondar os 1.600.000 euros.

Catorze anos volvidos, Torres Maia continua a ver o seu futuro ligado à terra e aos animais. O trabalho de um agricultor “nunca acaba”. Teve de aprender um pouco de tudo e agrada-lhe a polivalência. “Sou lutador, criador de animais, serralheiro, mecânico, electricista, canalizador, trolha, pintor, etc.”, sem contar que às vezes tem que fazer o papel de veterinário nos diagnósticos mais simples e normais, nos partos das vacas ou na diária das inseminações artificiais.
Apesar de acabar “por ter muito pouco tempo para si próprio e para os seus”, e ter um trabalho duro e exigente, sem fins de semana nem férias, Torres Maia não está arrependido de ter tomado este caminho e não pensa em voltar atrás.

O seu projecto foi considerado o melhor de 1993, no concurso anual de Jovens Agricultores, e alcançou o segundo lugar de entre os vencedores das 10 edições deste concurso. No currículo tem ainda o 3º prémio de explorações familiares atribuído no concurso promovido pela Semana Verde da Galiza.

Recebe várias visitas de estudo ao longo do ano, durante as quais aproveita para imprimir informações da área técnica e essencialmente da área social da actividade mais antiga da economia em que serve de motor.

Manuela Marinho e José António Teixeira

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O Jovem casal assume a gestão da exploração Agro-mancelos, com orientação produtiva bovinos de leite, situada na Região do Entre Douro e Minho, distrito do Porto, concelho de Amarante, freguesia de Mancelos.

Manuela Marinho e José António Teixeira melhoraram as suas competências académicas e profissionais através de vários cursos no âmbito da Formação Profissional Agrária.

A exploração possui uma área social de 1 ha e uma SAU (Superfície Agrícola Útil) de 22 ha de área explorada dos quais 18 ha são de regadio, subdivididas em 34 parcelas arrendadas. Toda a SAU é explorada com o milho forrageiro para silagem (Primavera/Verão) e misturas de azevém (Outono/Inverno) ensilada em rolos plastificados. Na exploração existem silos/trincheira com a capacidade de 1.000 ton para armazenar a silagem de milho e 5 silos verticais para armazenamento de rações (concentrados) de várias referências.

A Agro-mancelos arrancou em 1995 com 19 vacas leiteiras e uma produção média anual de 6.600 l por animal. Actualmente, o efectivo é constituído por 220 animais, dos quais 123 animais em crescimento e 97 vacas em produção, atingindo uma média de produção de 9.600 l de leite por vaca/ano; detém uma Quota Leiteira de 900.000 kg.

Poder-se-á afirmar que a Agro-mancelos é pioneira no seu percurso, a introdução das últimas tecnologias e inovações para explorações leiteiras constitui uma preocupação, tendo para isso beneficiado dos Apoios Comunitários para a Agricultura.

A capacidade de gestão dos Jovens Agricultores aliada à modernização e inovação da exploração constituem elementos fundamentais para a Agro-mancelos alcançar os objectivos delineados, a nível económico e de prestígio na fileira do leite. De facto, as classificações obtidas em concursos pecuários nacionais e internacionais têm sido excelentes.

Miguel Carlos Sá Fernandes

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Nome: Miguel Carlos Sá Fernandes
Idade: 26 anos
Habilitações: 12º ano
Habilitações Relacionadas com a Actividade: Curso Profissional
Técnico de Gestão Agrícola - Casa Escola Agrícola Campo Verde
Ano de Instalação: 2001

Caracterização Genérica da Exploração

A exploração situa-se na região de Entre Douro e Minho, no concelho de Póvoa do Varzim, inserida numa região com elevada densidade populacional, no coração da zona de produção hortícola do Litoral Norte, em pleno aquífero, representando as questões ambientais grande importância.

SAU: 24 ha ocupados com milho para silagem em rotação com culturas forrageiras de Outono-Inverno

Especialização Produtiva:     Bovinos de Leite
Efectivo: 150 animais, com cerca de 90 vacas leiteiras


Mão-de-obra Permanente: Familiar (o próprio, mulher e pai) e um assalariado para a realização da ordenha
Entrevista

Quais os motivos que o levaram a enveredar pela actividade agrícola?

A opção pela profissão de agricultor surgiu bem cedo, quando decidi tirar um curso técnico-profissional de Gestão Agrícola. O facto de ter nascido numa exploração agrícola conferiu o gosto pela profissão.
Na realidade, cedo percebi que era necessário dar continuidade à exploração familiar e em 2001 conjuntamente com o pai formamos uma sociedade, apresentando um projecto que visava a minha instalação como Jovem Empresário Agrícola.
O facto de aceder a ajudas ao investimento contribuiu decisivamente para a tomada de decisão pela instalação, que constituiu um elemento fundamental para a modernização da exploração.

Principais dificuldades sentidas antes da instalação, aquando da instalação e actuais?

O projecto rondou o investimento de cerca de 150 mil euros na aquisição de alguns equipamentos, sala de ordenha, modernização de instalações com a preocupação de melhorar as condições de bem-estar animal e num equipamento separador de chorume para atender a algumas restrições de aplicação de chorume.
Se fosse hoje teria apresentado um projecto maior, pois sinto que preciso de ampliar as instalações e melhorar as condições de bem-estar animal para fazer face aos requisitos de licenciamento da exploração.

Tendo por base a sua experiência, quais são os factores de sucesso das primeiras instalações?

Foi fundamental a orientação da minha instalação e o acompanhamento de todo o projecto, com presença constante do meu pai que já era empresário agrícola no mesmo ramo de actividade. Entendo que quando tal não acontece é fundamental o acompanhamento por especialistas na matéria, pois é muito importante a experiência adquirida para ultrapassar pequenas dificuldades do dia a dia. Considero que os apoios financeiros por vezes iludem o J.A. quando estes não têm experiência suficiente do sector de actividade em que se está a investir.

Perspectivas de introdução de alterações na exploração a médio e longo prazo

Face às crescentes exigências que a exploração terá de satisfazer do ponto de vista ambiental, uma vez que se situa em zona vulnerável, terei de efectuar alguns investimentos para cumprir esses requisitos.
Por outro lado atendendo à conjuntura económica que o sector atravessa, com os sucessivos aumentos dos custos de produção, a exploração terá de ganhar economia de escala e para isso terá de aumentar a produção o que será difícil a compatibilização com as regras de encabeçamento máximo permitido em zona vulnerável. A exploração não poderá baixar a produtividade por unidade de SAU pois deixará de ser competitiva.

Procedeu a estudos de mercado por forma avaliar a capacidade de escoamento do(s) produto(s)?

Não tenho problemas de escoamento da produção, uma vez que esta é assegurada pelo sector cooperativo a que está ligado. Saliente-se que é uma das grandes vantagens do sector do leite – está organizado – sabemos de ante-mão a quem vamos vender

Acompanha o desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, numa perspectiva de proceder à sua introdução na exploração?

Tento manter-me actualizado nesta matéria

Quais foram as preocupações ambientais presentes aquando da elaboração do projecto de instalação e de que forma são actualmente integradas as questões ambientais na sua exploração?

As preocupações ambientais da exploração são acauteladas com uma boa gestão dos efluentes pecuários e com a racionalização das fertilizações azotadas.
Investi na capacidade de armazenagem de efluentes de forma a só aplicá-los ao solo no momento da instalação das culturas e a respeitar assim as normas das Boas Práticas a que está sujeita a exploração por se localizar em zona vulnerável, economizo ao mesmo tempo na aquisição de adubos minerais.

Uma palavra de um Jovem para os Jovens

A mensagem que quero transmitir aos Jovens Agricultores que se queiram instalar no sector é que pensem muito bem nos investimentos que pretendem realizar, deverão ter muita atenção às alterações de política que se avizinham, nomeadamente com a possibilidade da liberalização da produção sem quotas.
Saliento ainda que a agricultura é uma actividade exigente de alto de risco, é preciso contar sempre com factores imponderáveis que estão sempre a acontecer e que são determinantes na estrutura financeira da empresa. Porém, também considero que é uma actividade saudável de convívio constante com a natureza e que não está sujeita ao stress de outras profissões.

José Carlos Teixeira

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Nome: José Carlos Teixeira
Idade: 39 anos
Habilitações: Técnico Agrícola
Habilitações Relacionadas com a Actividade: Participação em congressos do sector
Ano de Instalação: 1992

Caracterização Genérica da Exploração

A exploração situa-se na região de Trás-os-Montes, no coração da terra quente (Frechas-Mirandela). Uma região com alguma importância agrícola, nomeadamente no olival e na agricultura familiar.

SAU: 2 ha
Área coberta: 3.500 m²
Especialização Produtiva: Coelhos
Efectivo: 2.500 Fêmeas
Mão-de-obra Permanente: Familiar (o próprio, mulher) e um trabalhador efectivo

 
Entrevista

Quais os motivos que o levaram a enveredar pela actividade agrícola?

O gosto pela agricultura, nasceu bem cedo, por este motivo quis frequentar uma escola agrícola onde fiz o curso (Escola Agrícola de Carvalhais-Mirandela).
Com o aparecimento das ajudas comunitárias decidi investir no sector pecuário, fazendo aquilo que mais gosto.  

Principais dificuldades sentidas antes da instalação, aquando da instalação e actuais?

Tratando-se de um investimento de 25.000 contos na altura, houve dificuldades financeiras, nomeadamente em arranjar uma entidade bancária para fazer a garantia para o IFADAP por ser uma exploração pequena tive dificuldades de mercado (mercado nacional) até atingir uma capacidade que me permitiu começar a exportar toda a produção para o mercado Espanhol.

Tendo por base a sua experiência, quais são os factores de sucesso das primeiras instalações?

Sendo a cunicultura uma actividade de alto risco, onde se sofre todos os dias, é determinante o empenhamento, a dedicação o espírito de sacrifício do dia a dia, o abdicar de algumas coisas para estar sempre atento ao aparecimento de novas técnicas e obviamente frequentar congressos onde estão as sumidades do sector.

Perspectivas de introdução de alterações na exploração a médio e longo prazo

Face à globalização de mercados e estando esta exploração virada para o mercado externo, é efectivamente necessário o aumento da competitividade. Devido aos aumentos sucessivos das rações, as margens ficam cada vez mais pequenas, e consequentemente têm aumentado os custos de produção, para inverter esta tendência vou fazer investimentos na ampliação da exploração introduzindo mais 500 fêmeas e a nível de energias renováveis nomeadamente painéis solares, sendo a exploração toda automatizada e com ventilação forçada a electricidade é um custo fixo muito elevado.

Procedeu a estudos de mercado por forma avaliar a capacidade de escoamento do(s) produto(s)?

Não, porque só havia quatro matadouros no país para comprar, aquilo que fiz foi encontrar um que me garantisse o escoamento do produto.

Acompanha o desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, numa perspectiva de proceder à sua introdução na exploração?

Dentro dos possíveis estou atento e acompanho as novas tecnologias.

Quais foram as preocupações ambientais presentes aquando da elaboração do projecto de instalação e de que forma são actualmente integradas as questões ambientais na sua exploração?

As questões ambientais estão salvaguardadas desde o início do investimento, até porque temos de obedecer a projectos de licenciamento camarários, onde é prioritário os impactos ambientais e bem-estar animal.

Uma palavra de um Jovem para os Jovens

Essencialmente uma palavra de confiança, é preciso desfazer o mito que só vai para a agricultura quem não sabe fazer mais nada, o sector agropecuária precisa de gente jovem e com dinamismo. O sector cunícula é uma actividade de alto risco e muito exigente, quer ao nível técnico quer de vigilância permanente. São investimentos de valor elevado, como tal que ponderem bem os investimentos antes de os começar, que analisem bem o nível das ajudas, porque não são só facilidades.

 

António José Vieira Lima

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Nome: António José Vieira Lima
Idade: 32 anos
Habilitações: Frequência de Direito
Habilitações Relacionadas com a Actividade: Curso de Empresário Agrícola
Ano de Instalação: 1996

Caracterização Genérica da Exploração

Exploração situada no Distrito de Beja, Concelho de Cuba com 450 ha, com cerca de 60% de regadio, os solos são na sua maioria Barros com capacidade de uso A.

SAU: 450 ha
Área coberta: 3.500 m²
Especialização Produtiva: Culturas Arvenses em regime de Produção Integrada e sementeira directa
Mão-de-obra Permanente: 3
 
Entrevista

Quais os motivos que o levaram a enveredar pela actividade agrícola?

Continuidade da actividade familiar, gosto pela agricultura e rentabilidade financeira, pois sem ser rentável não valeria a pena apostar na agricultura.  

Principais dificuldades sentidas antes da instalação, aquando da instalação e actuais?

Capacidade financeira para levar por diante os investimentos, aquando da instalação, inexistência de apoio técnico ao investimento, o que levou a cometer alguns erros que poderiam ter sido evitados, diminuindo assim o tempo de retorno do investimento, também a falta de uma politica agrícola nacional com a visão necessária a dar estabilidade a médio prazo aos agricultores, por forma a que os investimentos possam ser amortizados de forma razoável, e as expectativas muitas vezes criadas não sejam defraudadas.

Tendo por base a sua experiência, quais são os factores necessários ao sucesso das primeiras instalações?

Nos dias de hoje a gestão de uma empresa agrícola tem de ser encarada da mesma forma que outra qualquer empresa de outro sector de actividade, um agricultor é um empresário que tem de ser competitivo naquilo que faz, pelo que no inicio será indispensável uma análise técnica detalhada da exploração, para que possam ser escolhidas as culturas e os investimentos com maior rentabilidade para a mesma.
E um acompanhamento técnico continuado da exploração, pois servirá de fio condutor para o sucesso da exploração agrícola.

Perspectivas de introdução de alterações na exploração a médio e longo prazo

Aumento da superfície regada, possibilidade de efectuar novas culturas, mais exigentes em água, sem ter receio que o ciclo cultural não se efectue por falta da mesma.
Já realizei variadas culturas em alternativa aos cereais, que sempre foram a base desta exploração, e vejo com bons olhos a aposta, por exemplo, nas hortícolas.

Procedeu a estudos de mercado por forma avaliar a capacidade de escoamento do(s) produto(s)?

Não devido ao facto de todos os meus produtos serem escoados através da Cooperativa de Beja.

Acompanha o desenvolvimento das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, numa perspectiva de proceder à sua introdução na exploração?

Sim, a toda a hora, tenho os sistemas de rega computorizados, efectuo a rega seguindo os avisos de rega através do COTR – Centro Operacional de Tecnologias de Regadio, fiz a instalação de caudalimetros com registos em tempo rega.

Quais foram as preocupações ambientais presentes aquando da elaboração do projecto de instalação e de que forma são actualmente integradas as questões ambientais na sua exploração?

Sobretudo em relação à aplicação de água de rega de forma a que tenha uma eficiência perto dos 100%.
Em toda a unidade de produção se segue os princípios da Produção Integrada e Sementeira Directa, permite-me efectuar as adubações e os tratamentos fitossanitários necessários de forma controlada, com todas as vantagens que daí provêem para o ambiente, e com a sementeira directa consigo reduzir substancialmente os custos da cultura e reduzir os riscos de erosão.

Uma palavra de um Jovem para os Jovens

A agricultura é uma actividade apaixonante, que tem muitas dificuldades escondidas por detrás do que muitas vezes parecem ser facilidades, pelo que quem desejar entrar no sector deve fazê-lo com os pés muito bem assentes na terra, para que essas dificuldades não o deixem ficar pelo caminho